nDm 13 | 26.mai.2022
A 13ª edição da newDATAmagazine foi publicada no dia 26 de maio de 2022.
MENSAGEM DO DIRETOR
Uma paixão, uma carreira e uma necessidade!
Desde bastante cedo, assim que tive hipótese, liguei-me à “rede” e decidi que o meu caminho profissional passaria pela informática. Junto com esta vontade estava uma curiosidade quase insaciável de conhecer mais sobre este novo mundo que se deu a conhecer na década de 1980.
Para um adolescente leitor de ficção científica, houve dois momentos que marcaram o meu percurso: o advento do ZX Spectrum e o filme War Games. No final da década, não via sequer outra hipótese que não fosse estar ligado às tecnologias que sentia que iriam mudar o mundo e procurava ativamente formas de o poder fazer. De certa forma, esta procura levou-me também a dar os meus primeiros passos numa carreira ligada à segurança.
Escapado ao “crackdown” português de 1992 e já na universidade, tive acesso ao livro The Hacker Crackdown, de Bruce Sterling, que apresenta diversos factos, casos e outros eventos reais relacionados com a cultura hacker nos EUA, ocorridos no fim da década de 80 e princípio da década de 90. Decidi então, em conjunto com a orientação de alguns professores, que este seria o meu caminho.
Decorridas três décadas, a área da segurança evoluiu para se tornar, reconhecidamente, uma área de estudo académico e desenvolvimento profissional em paralelo a muitas outras que originaram das ciências informáticas. Dos primeiros hackers aos atuais profissionais especializados, cada vez mais pessoas se dedicam a este tema relevante num mundo cada em que a componente online se tornou ubíqua e parte integrante do nosso dia-a-dia.
De acordo com o estudo mais recente do (ISC)2, ainda são necessários, globalmente, cerca de 2,72 milhões de profissionais para suprir as necessidades existentes. No último inquérito realizado pela AP2SI, em 2021, responderam cerca de 330 profissionais de segurança que desenvolvem a sua atividade em 28 funções diferentes. Mesmo assim, 33% destes profissionais não estavam alocados unicamente aos temas de segurança. Quer isto dizer que exercem outras funções na organização.
Os números mostram o que já sabemos: que existe uma clara insuficiência de recursos nestas áreas, e é mandatório atrair mais pessoas, seja através da formação académica ou da requalificação profissional.
É também imperativo que as organizações reconheçam a necessidade de ter as pessoas certas nos lugares certos, ao invés do habitual jack-of-all trades. Como reflexo desta atitude, temos visto em Portugal, nos últimos meses, um aumento dos casos que vêm a público sobre diversos casos de roubo de informação, devassa eletrónica e ataques a sistemas de informação. Não que seja algo novo, mas o mediatismo associado é agora diferente.
Trinta anos depois de ter tido o primeiro contacto com a segurança, ainda continuo apaixonado pela área. Todavia, não é a paixão, mas sim os números que me levam a concluir que precisamos de profissionais qualificados, ao mesmo tempo que necessitamos que as organizações os contratem e reconheçam a sua importância para a existência da própria organização.
Jorge Pinto
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