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A Inteligência Artificial (IA) parece, pelo A IA é, de facto, um instrumento
c o n t r á r i o , b e m e s t a b e l e c i d a e poderoso, como muitas tecnologias, mas é
p o p u l a r i z a d a , t e n d o c o n s e g u i d o também tão frágil quanto é quem a cria e
progressos espantosos, dando um gere. Se é artificial, tem também uma
simulacro de vida a objectos inanimados, origem muito humana, onde se inspira,
como fábricas, carros, prédios; criando com todos os problemas que daí advêm,
personagens, diálogos e interações que seja na sua arquitetura, nos seus
desafiariam a imaginação de Turing (5) . Esse processos ou nos dados que a alimentam.
lado luminoso popularizou-a. Mas um lado E é por causa desse lado humano que,
quando olhamos para os resultados que
mais sombrio também. A capacidade de alcançámos com a disseminação e
reconhecimento facial e profiling massivos, democratização do seu uso, constatamos
a ideia de que cada passo nosso e cada que não é uma nem “a” inteligência que se
dado que nos caracterize é analisado, está a espalhar a uma velocidade e
avaliado e pontuado, juntaram à admiração diversidade admiráveis, mas muitas
inicial uma preocupação orwelliana inteligências, ampliando o que somos e
crescente e renovada. tudo o que nos faz humanos.
André Carreiro
(5) Alan Turing foi o criador de um teste cujo Managing Director
objetivo último seria avaliar se um software se Reditus
poderia tornar indiferenciável de um humano num
diálogo. Perfil | Profile
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