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SOBRE AS FERRAMENTAS DO O domínio e prática do Urbanismo e do
ARQUITETO E DO URBANISTA Ordenamento do Território, pelas suas
características estruturantes e determinantes
As ferramentas de apoio às práticas da nos múltiplos temas da sustentabilidade –
Arquitetura e do Urbanismo têm mudado e social, económica e ecológica – e face às
evoluído muito nos últimos 50 anos. Quando
fiz o meu curso de Arquitetura, entre 1984 e dinâmicas aceleradas de transformação e
1989, todo o ensino se fazia sem qualquer uso crescimento das cidades na atualidade,
de ferramentas digitais. Ninguém usava e sempre necessitou e se baseou, para
ninguém queria saber. Dez anos depois , era do fundamento das suas opções, em análise dos
conhecimento geral, e prática generalizada territórios de intervenção.
nos ateliers de Arquitetura, que o recurso a No entanto, no passado (e reporto apenas
ferramentas de CAD (Computer Aided Design) 40 anos atrás) a informação disponível era
era uma prática indispensável para garantir a sumária e quase sempre baseada em dados
vantagem competitiva que permitiria aos primários, o que retardava acentuadamente os
ateliers manterem uma posição ativa e viável processos e produzia análises superficiais,
no mercado de trabalho. Quinze anos depois , incompletas e simplistas dos problemas que
pela primeira metade dos anos 10, foi ficando envolviam os territórios sujeitos a
claro que a mesma competitividade só seria planeamento. Na atualidade, os sistemas de
possível com ferramentas de BIM (Building informação geográfica (SIG) permitem
Information Modeling) e em particular quando o georreferenciar quantidades astronómicas de
seu uso era acompanhado pela introdução de informação e produzir análises espaciais de
sistemas de modelação paramétrica ou elevada complexidade; e, quando cruzados
gerativos (baseados em regras). com sistemas de representação paramétrica
Se, por um lado, o BIM ainda não se (CAD paramétricos), permitem efetuar
generalizou como uso corrente, é pelo menos simulações de transformações em contexto
reconhecido pela generalidade dos arquitetos incluindo análises em tempo real dos
como a ferramenta que num futuro próximo impactos das propostas simuladas, avaliando
corresponderá ao garante de profissionalismo consequências e impactos para os vários
requerido pelo mercado. Esta dificuldade do temas pertinentes, se não indispensáveis, à
BIM em entrar no mercado é intrínseca à produção das cidades do futuro.
complexidade da ferramenta, que cada vez A conjugação destes métodos denomina-se
mais requer pessoal especializado para a sua City Information Modeling (CIM), conjuga
utilização, mas as vantagens em rapidez, espacialização de dados, análise e modelação
adaptabilidade a alterações de projeto e rigor paramétrica de soluções (projeto), e recorrem
da informação são inquestionáveis e a métodos e ferramentas que a maioria dos
largamente apregoadas pelos seus arquitetos não tem acompanhado traduzindo-
utilizadores e defensores. se numa perda significativa de competências a
No campo do Urbanismo, tradicionalmente favor dos geógrafos. Estas dificuldades
uma área de especialização do arquiteto, e resultam, por um lado, da ausência de
claramente defensável como tal, a alteração formação em SIG dos arquitetos e, por outro
das ferramentas atingiu uma dimensão muito lado, pela dificuldade em conjugar as
mais radical. representações em projeção geográfica e
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